sábado, setembro 30, 2006

Memórias Visuais Infantis

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Segundo a revista Sábado (edição nº 125, 21-27/Set/06), Paula Afonso, é uma bancária de 32 anos que, em conjunto com o marido, não tem qualquer problema em expor a sua nudez em frente à filha de 4 anos…

Embora se possa tratar de ficção, o artigo publicado merece o reparo de que há coisas que, ainda que sejam reais, não se devem transcrever explicitamente em publicações que se assumem como sérias!

Este reparo é sobre o que vem a seguir. É que – segundo a Sábado - esta “bancária” não se expõe apenas nua, mas trata de toda a higiene e provavelmente satisfaz as necessidades fisiológicas em frente da filha.

Ora, há coisas às quais as crianças não devem ser expostas, porque não têm ainda capacidade para as assimilar. E o impacto que podem causar – porque a memória regista, mas a compreensão não codifica – pode-se tornar preocupante.

Todos recordamos os pesadelos que determinadas coisas que vimos na infância nos causaram – filmes ou acidentes, por exemplo.

Se esta menina – que segundo a Sábado se chama Patrícia – pensa que o sangue da menstruação da mãe resulta de uma ferida, significa que percebe o significado do sangue, mas não daquele sangue, porque a sua mente – de 4 anos – não é capaz de compreender esse conceito.

Não me surpreenderia se no futuro, por diversas razões, esta menina, não transferisse esta imagem da mãe "menstruada" para uma falsa recordação de uma falsa violação!

As crianças gravam na sua memória todas as imagens – principalmente as imagens que causam impacto emocional - mas não as conseguem processar conscientemente. E confundem a realidade com a ficção.

Não me surpreenderia também que as duas crianças (de 4 e 5 anos) que foram colhidas por um comboio em Gaia, na terça-feira, o não tivesse feito em consequência do spot publicitário – de prevenção - que a Refer iniciou, exactamente no sábado passado, na televisão.

No spot, que é um jogo de vídeo, a criança pára em frente ao comboio, este passa, e ela morre perdendo o jogo. Logo de seguida, em nova jogada e respeitando os sinais, apanha a bola depois de passar o comboio e ganha.

Estas duas crianças – em Gaia - estavam paradas na via férrea até que o comboio lhes passou por cima. Será que não pensavam que iriam ter logo de seguida outra oportunidade?!

Para as crianças, o que não se deve fazer, não se deve exemplificar, porque elas compreendem os exemplos, mas não compreendem as intenções!

PS: Também há crianças a ganhar medo de andar de avião devido do anúncio da Prevenção Rodoviária Portuguesa.

terça-feira, setembro 26, 2006

Uma questão de Identidade

Com o objectivo de criar discussão (e aqui está ela!), a segunda edição do semanário Sol publica uma sondagem onde conclui que mais de um quarto dos portugueses preferiam ser espanhóis.

Ora, estas sondagens não se deviam realizar! Porque, para além de poderem estimular ideologias anti-nacionalistas (e refira-se que esta prática não é permitida), também não fazem sentido, atendendo a que essa possibilidade não pode ocorrer.

Seria o mesmo que sondar se um partido vai vencer umas eleições quando esse partido não concorre às mesmas. É uma inutilidade.

Os portugueses são portugueses e ponto final. Mas deve ser salientado que aqueles que respondem que preferem ser espanhóis são pessoas que não conhecem o sentido da identidade individual. Uma pessoa é aquilo que é e isso abrange um leque muito grande de factores. Ser português não é o mesmo que ser espanhol! Como ser homem não é o mesmo que ser mulher, ou ser pai não é o mesmo que ser filho, ou ser de esquerda não é o mesmo que ser de direita!...

E repare-se que aqueles que preferiam que Portugal e Espanha fossem um só país (e nesse caso não seria Espanha - quando muito seria Ibéria – e logo tanto seriam os portugueses espanhóis como os espanhóis portugueses), esses portugueses indicaram em igual percentagem para capital Madrid e Lisboa! Por aqui se prova a falta de visão destes portugueses. Porque perante essa possibilidade imaginária, a capital nunca seria Lisboa.

É fácil encontrar estes resultados neste tipo de sondagens porque há sempre pessoas insatisfeitas com aquilo que são (que é pior do que a insatisfação com aquilo que têm), e só respondem assim porque queriam ter mais e não serem melhores. O erro está nas questões que são feitas e que não se deviam fazer! Porque não perguntaram antes aos portugueses se queriam ser suíços ou suecos ou alemães?! Seriam muito mais ricos do que se fossem espanhóis! E a percentagem então seria maior! Ou então, porque não lhes perguntaram se queriam ser o Bill Gates?! Ou deuses?!...

terça-feira, setembro 19, 2006

Novo Ano Escolar

Acaba de se iniciar o novo ano escolar. O início deste novo ano ficará assinalado, entre outras razões, pelo alargamento do horário escolar para os alunos do ensino básico e pela integração de actividades extracurriculares, como o inglês, educação física e expressão musical ou artes plásticas.

Este é um sinal de que o governo está a investir no enriquecimento e crescimento saudável das nossas crianças.

Esperamos que esta aposta não termine por aqui! Todos sabemos quão decisivos são para o futuro de uma pessoa os primeiros anos de vida. Assim, esperamos que numa próxima aposta, o governo decida também integrar em todas as escolas possíveis o apoio psicológico.

Muitas crianças só têm acesso a determinados meios quando integrados no circuito escolar, sendo a escola – quando devia ser a família – a diagnosticar os primeiros problemas infantis, nas mais variadas vertentes, entre eles, os problemas psicológicos.

Estes problemas são complexos e integram a pessoa no seu todo, logo, não se solucionam facilmente uma vez arreigados na pessoa, pelo que um diagnóstico precoce é determinante na sua cura.

A prevenção destes problemas é outro aspecto que seria importante trabalhar, eventualmente mais que algumas das actividades extracurriculares agora incluídas, nomeadamente para as crianças mais desfavorecidas.

Se cada criança pudesse ser apoiada psicologicamente nos seus primeiros anos de ingresso no sistema escolar, certamente evitar-se-iam muitos problemas no presente e no futuro dessas crianças!

terça-feira, setembro 12, 2006

A entrevista de Natasha


Tem sido comentada por todo o mundo a entrevista de Natasha Kampush, a jovem austríaca que esteve raptada durante oito anos, e cujo raptor se suicidou após a sua fuga.

Tem sido comentada principalmente devido à dificuldade de compreender a aparente racionalidade e clareza demonstrada na entrevista, aliada ao não ódio pelo raptor, assim como muitos outros aspectos que "chocam" o mundo devido a este rapto.

Em termos psicológicos, este caso é demasiado excepcional - e grave - para poder ser comentado em poucas palavras, por isso me abstenho de o fazer.

Quero apenas referir-me a alguns aspectos da entrevista, que poderão ser a explicação para muitos que levantam questões.

Esta entrevista, tão negociada, teria de ser bem sucedida, logo, foi bem trabalhada. E aquilo que a jovem disse apenas foi o que interessou à produção da entrevista.

Não me surpreenderia nada que na base da entrevista estivessem todas as questões combinadas com a jovem; que ela tivesse que questionar alguns dos presentes apenas para confirmar que estava a corresponder ao acordo; que aquele lenço não pretendia apenas disfarçar algum auricular para alguém lhe ditar as respostas; que as vezes que fechava os olhos, ou que olhava para o lado, apenas era para ouvir e compreender melhor o que lhe estavam a dizer !...

As audiências foram elevadas, as vendas também, a fundação que se quer criar - para quê? - terá de ser bem sucedida!...

Quem conhece e as técnicas e os objectivos das televisões sabe do que estou a falar!

Provavelmente esta jovem libertou-se de um raptor e encontrou outro. Embora também eu diga que este é manifestamente preferível!

A sua liberdade só chegará quando todos deixarmos de falar dela!...

domingo, setembro 10, 2006

Doenças Mentais na Europa

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Um estudo do Parlamento Europeu, que avalia a saúde mental dos europeus, cujo autor é o eurodeputado John Bowis, conclui que, de acordo com as estimativas, uma em cada quatro pessoas na Europa sofre pelo menos um importante episódio de doença mental durante a vida.

Dependências - como o álcool -, violência, depressões e stress, resultantes da vida moderna, são problemas que conduzem a cerca de 58 mil suicídios anuais. Número que ultrapassa as mortes em acidentes de viação e de Sida.

Apesar destas doenças terem já um peso significativo no PIB da União Europeia e nas despesas públicas com a saúde (5% em Portugal) “faltam muitos serviços que deveriam estar integrados nos sistemas gerais de saúde e protecção social", como refere o relatório do estudo, assim como “campanhas informativas que combatam o preconceito e a injustiça do que é sofrer de uma doença mental”.

E este quadro só se alterará quando cada um pensar que ir ao psicólogo significa ser inteligente e tratar-se, em vez de pensar que isso é só para “malucos” e acabar suicidando-se. Naturalmente que os governos têm aqui um papel principal no apoio a estes doentes - nos tratamentos e na prevenção.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Vive mais quem tem amigos!

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Para além da abordagem aos blogs no seu dossier principal, a revista "Psicologia Actual", na sua edição de Agosto faz uma pequena referência à importancia que os amigos têm como factor de prolongamento da vida.

O estudo a que a revista se refere não conclui apenas aquilo que é suposto, isto é, que a vida com amigos é mais rica e mais saudável, e só por isso se vive mais, mas conclui que é, de facto, assim no que respeita ao tempo de vida física.

Quem tem amigos vive mais tempo; mais anos de vida!

Ora, se quem tem amigos vive mais tempo, e ainda vive muito mais feliz, como se pode justificar que hajam pessoas que vivem sem amigos!?

Ainda por cima porque a amizade não se compra nem se vende! A amizade é uma coisa gratuita, que se dá! E quanto mais se der mais se tem!...

sábado, setembro 02, 2006

Limpeza de Lixo Mental

Em 1983, Crick e Mitchison, da Universidade de Michigan, publicaram uma teoria, sobre os sonhos, na qual afirmavam que estes eram apenas “lixo mental” a ser “esquecido”.

É verdade que sonhamos mais quando temos preocupações, também porque dormimos menos e tudo nos corre mal.

Provavelmente não são só os sonhos que são lixo mental. Provavelmente tudo aquilo que nos preocupa sem qualquer razão é lixo mental. Ao longo da vida acumulamos experiências, ideias, recordações, conceitos, etc; sobre os quais nem sempre encontramos utilidade ou benefício. Ou, pior ainda, muitos deles até nos incomodam.

A verdade é que fazemos limpeza à nossa casa, ao nosso carro, ao disco do computador, ao jardim, à pele, às unhas, à rua… gostamos sempre que tudo esteja limpo, mas…

Tudo o que acumulamos na nossa mente fica lá sem fazermos qualquer arrumação programada. Vamos acumulando coisas e se é certo que, como na casa e no computador, há coisas que não servem para nada mas também não incomodam, outras há que por nos incomodar temos que nos livrar delas.

E como se pode fazer esta limpeza mental:

Em primeiro lugar identificamos quais são as coisas que nos preocupam. Depois identificamos quais são os nossos objectivos. Em seguida, procuramos saber o que é que cada preocupação contribui para o alcance dos nossos objectivos.

Se uma preocupação é importante para o alcance dos nossos objectivos, terá de ser alvo de maior atenção, mas se existe e não tem qualquer influência nos nossos objectivos, provavelmente estaremos a falar de “lixo mental”, que apenas está a ocupar os nossos neurónios sem qualquer utilidade, e merece que seja “limpa”.