terça-feira, setembro 12, 2006

A entrevista de Natasha


Tem sido comentada por todo o mundo a entrevista de Natasha Kampush, a jovem austríaca que esteve raptada durante oito anos, e cujo raptor se suicidou após a sua fuga.

Tem sido comentada principalmente devido à dificuldade de compreender a aparente racionalidade e clareza demonstrada na entrevista, aliada ao não ódio pelo raptor, assim como muitos outros aspectos que "chocam" o mundo devido a este rapto.

Em termos psicológicos, este caso é demasiado excepcional - e grave - para poder ser comentado em poucas palavras, por isso me abstenho de o fazer.

Quero apenas referir-me a alguns aspectos da entrevista, que poderão ser a explicação para muitos que levantam questões.

Esta entrevista, tão negociada, teria de ser bem sucedida, logo, foi bem trabalhada. E aquilo que a jovem disse apenas foi o que interessou à produção da entrevista.

Não me surpreenderia nada que na base da entrevista estivessem todas as questões combinadas com a jovem; que ela tivesse que questionar alguns dos presentes apenas para confirmar que estava a corresponder ao acordo; que aquele lenço não pretendia apenas disfarçar algum auricular para alguém lhe ditar as respostas; que as vezes que fechava os olhos, ou que olhava para o lado, apenas era para ouvir e compreender melhor o que lhe estavam a dizer !...

As audiências foram elevadas, as vendas também, a fundação que se quer criar - para quê? - terá de ser bem sucedida!...

Quem conhece e as técnicas e os objectivos das televisões sabe do que estou a falar!

Provavelmente esta jovem libertou-se de um raptor e encontrou outro. Embora também eu diga que este é manifestamente preferível!

A sua liberdade só chegará quando todos deixarmos de falar dela!...

2 Comments:

Blogger Unknown said...

Olá!
Antes de mais agradeço e retribuio a amável visita lá pelo meu recanto.

Relativamente a este post, dado que estou inteiramente de acordo com o que nele foi descrito, não me prenderei com o caso aqui em causa, mas antes, com os contornos com que efectivamente se prende esta entrevista.
Os pormenores para os quais faz a sua chamada de atenção e que têm sido alvo de especulação, são na verdade extremamente pertinentes, quem já teve contacto com o "mise en scène" de que se reveste uma entrevista em directo sabe que é assim. É importante pensar-se sobre isto e, ter em atenção que, precisamente para protecção da entrevistada, assim tenha acontecido.
Relativamente ao que refere acerca da libertação das mãos de um raptor e ter encontrado outro, tenho uma perspectiva diferente, se este é ou não preferível...talvez. Modestamente diria que o melhor será que após esta entrevista, a exposição mediátiva se venha a extinguir, já que talvez esta devesse ter evitado tão prematuramente ou mesmo completamente... para que assim se dissipe e não fomente a curiosidade.

09:45  
Blogger SAM said...

Tudo o que é aqui dito é possível.

Não obstante, tanto os mecanismos de defesa (tão bem descritos por Anna Freud), como Estockolmo podem muito bem explicar toda a questão.

Deixo a sugestão... quem sabe um post sobre esses temas?

21:17  

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