Terapia pela Escrita

A razão porque o número de blogs se multiplica de forma surpreendente pela web deve-se a vários factores, sendo que, para além da gratuitidade e facilidade de publicação, potencializa uma exposição de forma controlada dos seus autores, que resulta em satisfação e bem-estar.

Apesar de cada vez mais estarem em voga os novos formatos de publicação de conteúdos, como as imagens, os vídeos e os sons, foi com a escrita que os blogs começaram e é a escrita que tem ainda um papel preponderante para a divulgação das ideias e preocupações pessoais. Isto também porque muitas coisas não se podem dizer de outra forma, que não por palavras – eu desafiava alguém a dizer, sem ser por palavras escritas ou faladas, a seguinte mensagem: “eu estou muito triste porque o meu gato que se chamava pirolim morreu na noite passada”.

Serve isto para dizer que os blogs ajudam as pessoas, devido à escrita, a conhecerem-se e sentirem-se melhor, ainda que não tenham visitas e ainda que ninguém os leia. Ajudam porque os autores experimentam a possibilidade de mostrarem aos outros aquilo que querem, sonham, pensam, sentem ou produzem.

Mas ajudam principalmente porque a escrita tem um efeito benéfico – de alguma forma terapêutico – para quem a produz. Escrever é registar o pensamento. É pensar devagar. É ver aquilo que se pensa. É reflectir sobre o que se pensou. É ter a possibilidade de corrigir aquilo que se pensou mal. Logo, escrever é crescer!

Por esta razão, os blogs, na maioria das vezes escritos em forma de diários, com expressão dos pensamentos e sentimentos pessoais são, deste ponto de vista, muito benéficos para os seus autores, pese embora o risco dos leitores lhes darem outros usos e significados.

Um diário pessoal íntimo, não divulgado, teria o mesmo efeito na pessoa que o escreve, mas como provavelmente muitos não escreveriam se não fosse a publicação, pelo menos assim escrevem, e crescem. E este crescimento gera também maior auto-conceito, maior auto-estima e mais auto-realização pessoal.